quinta-feira, 31 de março de 2011

Ressuscitando a Fé.



A nossa fé não é meramente abstrata, nem podemos dizer que seja em sua totalidade concreta. Há áreas de fé que são abstratas e áreas de fé que são concretas. Para uma vida cristã saudável é extremamente necessário que tenhamos o equilíbrio de ambos radicais, saber viver a fé racional-emocional e viver a fé prática. Hoje quando ligamos a televisão temos a oportunidade de contemplar grandes templos, galpões, ou até mesmo praças e ruas lotadas de pessoas em reuniões religiosas, seja evangélica, católica, espírita ou de qualquer outra religiosidade. Em meio a estes percebemos um ambiente de fé, pessoas chorando, pessoas com as fotografias de seus entes queridos, pessoas com terço na mão, pessoas que vibram diante de frases de impacto, pessoas que vibram diante da explanação de sua fé. Grande parte desta multidão se alimenta somente de uma fé emocional, se alimentam do que lhes é dado e voltam para a sua mesma vida sem nenhuma mudança efetiva. É a fé pela fé.

Quando uma imagem aparece em um vidro de janela uma multidão invade aquele lugar, por quê? Porque conseguem enxergar naquela mísera janela a concretização da sua fé. As pessoas estão acostumadas com uma fé emocional ou racional, uma fé que eu sinto dentro do meu coração, mas não sinto no tato das minhas mãos, não vejo com as pupilas de meus olhos, não ouço com os tímpanos de meus ouvidos. É uma fé válida e fundamental, porem fé abstrata sem a concretização da fé se torna morta. A boa fé gera transformações na nossa vida cotidiana, na nossa vida real. A fé não trabalha com mitos ela faz parte da história verídica de nossas vidas. Não consigo ver a mesma multidão que segura as fotos com tanta veemência com a mesma dedicação para cuidar dos drogados. As igrejas lotam em campanhas de fé mais o grupo de visitação de nossas igrejas são sempre pequenos. Tive uma experiência muito boa essa semana. Um grupo de jovens me procurou dizendo: pastor queremos fazer visitas aos novos convertidos aos domingos a tarde. Jovens querendo fazer visitas? Ainda mais no domingo a tarde? No dia do churrasco, do futebol, do almoço em família? Louvo a Deus pois a fé abstrata tem gerado frutos concretos.

Quero chorar no altar de Deus, quero clamar a Ele com todo o meu coração e com toda a força da minha voz. Quero cantar, adorar a Ele da melhor maneira possível, quero me prostrar e sentir a sua presença dentro de mim. Quero orar em línguas, quer dar glórias e mais glórias a Deus em minha igreja. Mais também quero chorar com os que choram. Quero cantar com aqueles que não possuem força para cantar. Quero orar também em português para que o meu irmão ouça o meu clamor pela sua vida. Quero me prostrar para erguer aquele que está caído. Quero ser capaz de gritar para pedir socorro. Pessoas estão morrendo e eu não posso me calar e me fechar em uma fé puramente emocional. Quero ver os frutos da minha fé, não frutos para mim mesmo somente, mas frutos que alimentem pessoas que estão com suas raízes secas, pessoas que estão sem água e assim estão morrendo. Por uma fé emocional, racional e pratica. Que Deus levante o Seu povo.

terça-feira, 29 de março de 2011

Vende-se Igrejas.



Parecia que esse dia nunca chegaria. Já há muito tempo ouço falar sobre o mercado da fé. Pessoas que tratam a igreja como uma matéria prima que pode render milhões. Nesse mercado o sucesso é medido pelo dinheiro arrecadado e pelas horas que o “grande apóstolo semi-deus” possui na televisão. Lideres que vêem nas suas ovelhas possibilidade de um melhor salário. Eu já sofri iniciativas de mercadores da fé, pessoas que iam até a casa dos membros da minha igreja com voz de “profeta” para simplesmente levar seus dízimos para a sua empresa, pois não posso chamar de igreja. Tudo isso já ouvíamos falar, mas agora a igreja está literalmente à venda. Foi colocado em um jornal a pouco tempo um anuncio semelhante a esse: vendo igreja com 30 cadeiras, púlpito, som e 30 membros. Interessados liguem para (xxx)222-xxxx. Parece mentira mais isso é verdade. A igreja está há venda. Imagino Deus chorando quando vê onde a religião levou a humanidade.

A cada dia percebo que os verdadeiros inimigos da igreja não são os satanistas, os espíritas, os budistas ou os mulçumanos. Os piores bandidos estão de terno e gravata nos mais diversos púlpitos das igrejas de Cristo. Literalmente como lobos que cercam as ovelhas com seu carisma, talento e retórica. O desafio é para aqueles que não largaram a verdade do evangelho, para aqueles que pagam o preço de viver a verdade de Cristo sem se preocupar com as exigências mercadológicas atuais. Como nos distinguir desses? Como as nossas ovelhas podem discernir que nós somos diferentes, que não olhamos para elas como mercadorias mais como obra admirável de Deus? Claro, só tem um jeito. Pelos Frutos, afinal por eles seremos conhecidos. O trabalho de um mercador da fé é uma obra passageira, a igreja enche, mas não permanece, entram 100, saem 100, mas chegam mais 100 pobres ovelhas para serem enganadas pelo predador da fé. A obra motivada pelo evangelho é uma obra discipuladora e não ilusionista. É uma obra consolidadora e não exploradora. O que eu digo é: é possível crescer sem se vender! É possível conquistar bairros, cidades e países sem as exigências do mercado da fé. O evangelho em si é poderoso para conquistar, para mudar as pessoas e o mundo. É um caminho mais longo, mas difícil, pois exige fidelidade, mas é o único caminho, a única verdade e a única vida. Pastores salvem suas ovelhas dos lobos. Ovelhas orem pelos seus pastores para que a tentação de se tornar um lobo seja aniquilada de seus corações. Seja amigo deles, pois você não imagina as pressões que um líder passa. Seja intercessor para que ele esteja forte, e então, se torne um instrumento de livramento na sua vida, para que tenha visão e possa discernir os predadores que rodeiam suas ovelhas.

Será que é tão difícil entender que a igreja não é nossa, não é minha nem de ninguém. É de Deus. Vender algo que não é nosso é roubo. Não posso nem pedir prisão para estes, pois na verdade já estão aprisionados.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A sinceridade que nos falta.

Abaixo segue a análise do Esdras a respeito da festa de aniversário (fizemos um bolinho na hora do lanche) do seu irmão Isaac.



Fico pensando a respeito da sinceridade. Se fosse um adulto talvez respondesse que a festa estava maravilhosa e perfeita somente para agradar aquele que o pergunta. Se você questiona a uma criança se a comida está ruim, ela simplesmente diz sim ou não. Depois que crescemos analisamos diversos fatores, analisamos o que a nossa resposta pode causar naquele que nos ouve e nos pergunta, analisamos o que a resposta vai nos fazer perder ou ganhar, analisamos o que as pessoas vão achar de tudo o que será dito. Lógico que essa análise faz parte da maturidade, o problema é quando nos acostumamos a mentir e a mentir simplesmente para agradar os ouvintes de nossas respostas.

Você já conheceu alguém que foge a qualquer preço do conflito? Não da confusão, pois até eu fujo, mas do conflito. Pessoas que não são capazes de contrariar nada, mas absorvem o discurso de onde estão. Não possuem ideais, possuem idéias que se assemelham ao camaleão, elas são mutáveis de acordo com o lugar que se encontram. Pessoas que na frente do pastor se colocam como verdadeiros auxiliadores na seara, mas por trás se colocam como ceifadores dela. Na frente do irmão é irmão, por trás é cão. Que o Senhor nos torne simplesmente sinceros, não irresponsáveis, mas livres para expor o que verdadeiramente achamos acerca do que nos é questionado ou não.





domingo, 27 de março de 2011

Quantos membros? Melhor mentir ou consolidar?



Existem muitos pecados que se tornam muitas vezes imperceptíveis na nossa vida. Muitas vezes supervalorizamos pecados e diminuímos outros. Na maioria das vezes supervalorizamos os pecados que não nos ameaçam, e diminuímos aqueles que são atrativos diante de nossa carnalidade. Supervalorizamos o pecado do outro para simplesmente possuirmos a ilusão de que os nossos pecados não são tão grandes assim. É como um farol diante de uma simples lanterna, ela se torna imperceptível. Assim acontece com a mentira. Seria possível grandes mentiras ofuscarem as pequenas? Ou melhor. Existe grandes e pequenas mentiras? Muitas vezes esse pequeno vírus satânico está presente em nosso sistema imunológico. É tão normal que parece que já faz parte de quem somos. Infelizmente, tal vírus acomete não somente as ovelhas mais muitos pastores.

Uma pergunta que sempre faz os pastores refletirem a respeito da resposta que darão é a seguinte: quantos membros a sua igreja possui? Que pergunta complicada. Na maioria das vezes o capeta bate palmas diante das respostas dadas. Quando se tem 100 na maioria das vezes se responde: tenho 200. Quando se tem 500 na maioria das vezes se responde: tenho 700. É só uma mentirinha. Analisando meu próprio caso, para não usar exemplos de outros melhor usar o meu, perceba. Quando fui nomeado para a minha igreja atual em Iguaba Grande no ano de 2010 me parabenizaram e me disseram: você está indo para uma igreja de 700 membros. Antes de assumir perguntei para um dos líderes da igreja quantas pessoas foram no último domingo na igreja e ele me respondeu: 500 pessoas no domingo à noite. Eu pensei: que benção! Tomei posse, e ao conhecer a igreja contei quantos assentos possuía o templo, para meu espanto possuíamos 430 lugares. Logo pensei, devia ter umas 70 pessoas em pé. Perguntei para o mesmo líder se havia pessoas de pé naquele domingo, e ele me respondeu: não, a igreja não estava tão cheia. Ainda complementou que havia umas 100 cadeiras vazias. Onde estão as 500 pessoas? Foram arrebatadas? Depois das cadeiras acolchoadas temos 500 cadeiras. Nosso templo tem 600 metros quadrados, há pessoas que chegam para mim e dizem: pastor devia ter umas 600 pessoas hoje no culto, como fui discipulado, sou obrigado a dizem: tinha nada irmã. Essa era a resposta que várias vezes recebi do Pr. Carlos Alberto quando era seu pastor auxiliar. Eu chegava e dizia: Pastor tinha umas 500 pessoas. Ele dizia justamente o que digo hoje: não tinha nada. É tentador para os pastores usar o número de membros arrolados para alimentar o seu ego ministerial, se assim fosse, poderia dizer que tenho 890 membros arrolados, entretanto depois de 15 anos de história da Igreja Metodista em Iguaba Grande contamos hoje com umas 400 pessoas ativas, ou seja, menos da metade, que da uma média de 25 pessoas conquistadas e consolidadas para Jesus por ano nesses 15 anos de história. E olha que se compararmos com a história de tantas igrejas quase centenárias a nossa igreja foi uma das que mais cresceram em nossa região.

Essa história se repete em muitos lugares. Pastores deixam 800 no rol e quando você vai fazer a famosa limpeza saem 400. Essa realidade muitas vezes é camuflada pois esconde a nossa incapacidade de consolidação. É mais difícil consolidar do que fazer a pessoa levantar a mão para Jesus. É melhor parar de mentir e simplesmente admitir que como pastores metodistas temos sido péssimos consolidadores. Uso meu próprio exemplo esse ano foram 156 conversões em nossa igreja, nem a metade foram batizados. Recebemos cerca de 70 pessoas entre batizados e recebidos. Cadê os outros? Deus tem falado comigo: consolidação deve ser o seu foco. Tenho buscado na Palavra fundamentos. Não ignoro outras experiências, mas não quero reproduzir somente, quero descobrir, entender e receber de Deus princípios para a consolidação.

Há pessoas que vivem de mitos. Eu não sou saci, ou a cuca, ou mula sem cabeça. Quero viver na luz, sem mitos, sem folclores, sem mentiras, sem camuflagens. É tempo de querermos crescer não para nosso engrandecimento, mas para simplesmente conquistar vidas para Jesus. É o evangelho simples, é a queda do evangelho mercadológico. É o avivamento do conhecimento de Deus. É o fim das profetadas e mentiras “imperceptíveis”. É tempo de conquistar para Ele, para Jesus. É tempo de ser por Ele e para Ele.

quinta-feira, 24 de março de 2011

IGREJAS SEM DEUS. Colocaram Deus em promoção!


Bem estar, conforto, dinheiro, bens, saúde etc. Seria tudo isso o combustível que leva as pessoas a se movimentarem? Seriam esses a gasolina que impulsiona o fusquinha da vida? Dês de criança canto e ouço cantarem: tu és o ar que eu respiro! Tu és o pão que me alimenta! Tu és a água que sacia a minha sede! Mas na verdade, muitos que outrora afirmavam com tanta veemência tais afirmativas hoje vivem sem o seu ar, sem a sua água e sem o seu pão. Onde está a fome de Deus? Ou a sede? Ou o anseio de ter Deus como fonte de vida? A questão é que Deus não é fundamental para muitas pessoas inclusive para muitos pastores. Deus passou a ser coadjuvante, a figura de Deus está associada para muitos como a figura do servo, aquele que obedece, aquele que é facilmente usável e depois descartado. Estão ensinando jeitinhos irresistíveis de Deus obedecer a nossa determinação. Que doutrina de demônios. Determinação. Seria Deus obrigado a obedecer o que determino? Onde está a grandeza do Deus de Israel, aquele que com uma Palavra criou tudo o que existe, aquele que determinou o abrir do mar vermelho, aquele que com um sopro nos criou? Estão querendo diminuir Deus! Deus não tem sido mais o combustível, mas se tornou passageiro.

E por falar de ministérios, esses muitas vezes se tornam o motivo da nossa canção. Muitos quando falam de Deus na verdade estão falando de seu mero provedor. Falar de Deus da ibope. Falar de Deus engrandece o meu ego, afinal ficou fácil dizer que o Deus todo poderoso falou comigo, que ele me chamou e me designou para instruir a sua vida. Acabou o temor. Onde está o temor que levava um escriba a trocar a sua “caneta” para escrever o nome de Deus? O temor de lavar as mãos para escrever esse nome tão poderoso. Hoje Deus está na boca de todos, mas no coração de poucos. Estão vendendo Deus. E em alguns lugares ainda o colocam em promoção. Estamos cercados de uma geração de mornos. Geração “vomitável”. Onde estão os frios? Onde estão os Quentes? Ficou mais fácil ser morno.

O cristianismo se tornou uma formula de sucesso. Com o timbre certo, com as vestimentas certas, com as palavras certas, no canal de televisão certo você será um pastor bem sucedido. Volto a dizer: anseio pelo avivamento do conhecimento de Deus. Uma volta ao conhecimento de quem verdadeiramente Ele é. Ele é Deus, é Senhor, é Poderoso, é General, é Rei, é Maravilho, é Príncipe da Paz, é Deus forte, é incomparável, é Deus! Nós somos aqueles, que não precisamos, mas dependemos de quem Ele é. O que falar da teologia da prosperidade? Quero deixar claro que não sou contra a prosperidade, entretanto a abomino quando esta se torna o centro da nossa busca. E a teologia da libertação? Mais aprisionou do que libertou, teologia da falácia. E a teologia da determinação? Teologia de demônios. E a teologia liberal? Teologia do próprio satanás. E a teologia disso ou daquilo? Não falo de teologias falo de vivência. Chega de só pensar é ora de mudar!

Que Deus se assente no trono da nossa existência, que não seja ele mais um membro de nossa CLAM. Que ele não seja uma voz, mas que seja A Voz. Que Ele reine em nossas igrejas, que venhamos a diminuir diante de sua grandeza. Que o nome Dele esteja acima do nosso. A ele toda honra e toda glória para todo sempre. AMÉM!

terça-feira, 22 de março de 2011

Pastores em Crise.


Dês de 1997 quando comecei meus estudos teológicos no Seminário Batista do Sul ouço a respeito das crises no ministério pastoral. Essas ainda começam no tempo de seminarista quando novos pensamentos confrontam a nossa fé. Seria necessária essa “crise”? A palavra crise é definida como manifestação subita, inicial ou não, de uma doença física ou mental, deficiência ou penúria segundo o dicionário. Analisando a morfologia da Palavra acho que a mesma não se enquadra a muitos momentos que vivemos no ministério pastoral. Como afirmo em um de meus artigos, questionar não é do diabo, não é uma doença. A palavra crise nos remete a algo ruim, algo ligado a doença a penúria. Os momentos que paramos para nos auto-analisar não podem ser associados a tal crise. O Espírito Santo nos levaria a uma crise? Ou Ele nos levaria a uma reestruturação? Crise nos leva ao entendimento de abatimento, reestruturação nos leva ao entendimento de simplesmente colocar as coisas no lugar.

Conversando com um grande amigo acerca do momento em que tenho vivido ele perguntou se eu estaria em crise, em tom de brincadeira afirmei: quem não está? Depois de algumas risadas parei para refletir acerca da tal palavra “crise”. Já enfrentei algumas doenças da alma, logo posso dizer que passei por algumas crises, porem hoje não, me sinto em um período de reestruturação, reafirmação do que penso, anulação e renovação de muitas coisas. O que leva as pessoas a uma crise? Doenças? Igreja Vazia? Baixa arrecadação? Problemas familiares? Abalo na fé? Traições? Creio que tudo isso pode levar um líder a uma crise. Mas quando você não sofre de nenhum desses sintomas? Simplesmente decide crescer. É ai que entra o momento da reestruturação. Conversando com meu líder essa semana falávamos justamente disso: existe uma genuína liberdade que muitos ainda não estão experimentando. Não digo de maneira alguma libertinagem, mas uma liberdade genuína. Uma liberdade santificadora. Sem reestruturação não viveremos essa liberdade. Reestruturar não nos remete a anular, destruir, abominar, mas colocar as coisas no lugar certo. A crise não é constantemente necessária a reestruturação sim.

Esse tempo de reestruturação é passageiro ou é constante? Assim como arrumamos os móveis em nossa casa e com o passar do tempo percebemos se os móveis estão nos lugares mais cômodos diante de nossos afazeres, assim é a nossa reestruturação ministerial. Mudamos e depois constatamos se tais mudanças nos levaram ao objetivo ansiado pelo nosso espírito. E assim vai. Vivemos e mudamos. Prosseguindo para o alvo. Sabendo que ainda estamos longe, porem em constante aproximação. Quem não passa por isso demonstra uma arrogância doentia e vaidade semelhante a de Lúcifer. Quem não percebe a necessidade de se reestruturar na verdade oculta sua alma preguiçosa e presunçosa.

Não anulo a necessidade da crise, mas exalto a necessidade da reestruturação, pois o que a impulsiona não é uma doença mais um desejo pelo crescimento.

AMOR E SUCESSO.


Vivemos em um mundo extremamente competitivo, o qual a palavra sucesso é aparente nos mais distintos letreiros de nossa sociedade pós-moderna. Para muitos a palavra amor e sucesso não se encontram de forma alguma relacionadas, são opostos, acredita-se muitas vezes, que para o sucesso o amor é dispensável. Mas seria possível sucesso sem amor? É possível alguém alcançar o sucesso sem a presença desse sentimento tão “primitivo”?

Segundo André Comte-Sponville, em sua obra a Felicidade Desesperadamente, o ser humano segue em busca desesperada pela felicidade, logo, sucesso é alcançá-la. Podemos pensar que o sucesso de uma pessoa está somente relacionado com seu progresso profissional, espiritual, social e intelectual, entretando podemos afirmar que todas as conquistas alcançadas perdem o brilho quando não a compartilhamos com alguem que amamos. Ouso em dizer que sem este compartilhar de êxitos o sentimento do fracasso sempre ocupará seu lugar na alma do individuo.

Segundo Alzira Camargo Lopes, o sucesso do ser humano está intimamente ligado ao amor recebido em sua infância, afirmando que esse amor deve ser contínuo, para que, mais tarde o ser amado possa dar amor. O ser humano é dependente de amor. Se não o recebe, não o dará, se não o tem e não o dá sempre se sentirá um ser incompleto. Pode o homem se encontrar em um cargo de mais “alto calibre“, pode ser o mais dotado de inteligência e perspicácia, mas mesmo assim não possuirá a felicidade e consequentemente o sucesso. Como pastores e pastoras, lidamos com o tema do amor todos os dias. Lidamos com pessoas que não se sentem amadas mas lhes é cobrado o sucesso. Muitas vezes tratamos como um tema “corriqueiro”, mas trata-se da chave para uma vida de sucesso espiritual, intelectual, social e profissional.

Segundo Chauchard, o ser humano é dotado de um cérebro primitivo, ele tem sede de afetividade. O sucesso não pode ser desassociado do sentimento chamado amor. O homem pode alcançar os seus mais profundos limites, pode se autodenominar “pós-moderno”, mas sempre terá como ponto de partida o sentimento “primitivo” do amor para que alcance o sucesso tão almejado. O primeiro passo para uma vida de sucesso é ser amado e amar, sem esse passo os outros não se darão.

Terminando, mas ainda falando de amor e sucesso, afirmo que o amor é incompatível com os covardes, mais é um sentimento para os corajosos, pois amar é se entregar e receber o outro, e nem sempre isso é uma tarefa fácil. Ensinar o outro a amar é fazê-lo valente, é conduzi-lo ao sucesso.

Pr.Bruno Leonardo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Viver o Chamado ou Viver a Vida?


Viver o chamado ou viver a vida? Seria esta uma dualidade ou existe a possibilidade de viver ambos caminhos simultaneamente? Como diz a música popular “a vida é bonita e é bonita”. Seria o chamado tão bonito assim? Ou viver o chamado é sinônimo de árduo trabalho e constante fadiga? Esses são alguns dos temas que tenho escrito em um livro que brevemente será publicado, se assim Deus permitir. Lembro-me que dês dos 9 anos já pregava em algumas igrejas batistas como pregador mirim da organização Embaixadores do Rei, e cresci sempre ouvindo: você tem um chamado. No início não entendia nada, associava esse chamado somente com a escolha de se tornar um pastor. Sou chamado logo serei um pastor. Isso era o que eu acreditava, ou melhor, entendia. Muitos me diziam que era para me preparar pois a vida de uma pastor era uma vida de peleja, contavam para mim experiências que demonstravam tais aflições que os apregoadores da Palavra passavam. Certa vez me deram um livro intitulado “Torturados por Cristo”. Boa a leitura. Entretanto, via o meu pastor como um homem de Deus e ele não me parecia, nem um pouco, uma pessoa que sofria torturas diárias ou semanais. Logo questionava, quem sofre pelo evangelho é mais homem de Deus? Seria uma vida de sofrimento a marca fundamental da vivencia de um chamado?


Expressando minha opinião destaco a crença em uma vida de equilíbrio. Talvez neste momento você esteja se perguntando acerca da Palavra: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” Mt. 16:25. Perder a vida nos remete a ganhar outra. Ou seja, aquele que perder vai achá-la. Ela não ficará perdida. Muitas vezes, em uma leitura pessimista, somente destacamos a palavra “perder” e esquecemos da palavra “achar”. Podemos também entender que perder a nossa vida é a chave para vivermos a vida de Deus, sendo assim, viver a vida de Deus é viver uma vida melhor, se é uma vida melhor constatamos que é uma boa vida. Quero dizer que é possível viver o chamado tendo uma boa vida. Essa expressão “boa vida” pode remeter a significados errôneos diante do que eu quero dizer. Não a descrevo com sentido pejorativo, mas trazendo a pura essência de tais palavras. Não uma vida de regalias e luxo, dinheiro fácil e ostentação. Mas uma vida boa, afinal quem é bom? Deus. Ele é bom, logo a sua vida é boa. Por muito tempo a expectativa do membros das mais diversas denominações era que seu pastor tivesse cara de sofrimento, vivesse somente com o essencial, ou seja, sem o direito de ter um bom carro ou ter o direito de colocar seus filhos em uma boa escola, se este colocasse um terno novo logo diziam: para que tanta vaidade? O entendimento era: aflição sinônimo de pobreza. As aflições do ministério pastoral são muito maiores do que meramente financeiras. Posso atestar isso pois sou pastor. Quantas vezes estamos com tantos problemas e mesmo assim somos obrigados, não somente a ouvir, mas a trazer soluções para os problemas dos outros, e vale dizer, que muitas vezes não temos nem mesmo nossas próprias soluções. Possuímos a aflição de enfrentar o “mercado religioso” e não nos contaminarmos com eles. Enfrentamos as manipulações da massa com um evangelho que nem sempre é tão atrativo, mas é o que nós acreditamos. Enfrentamos o julgamento diário, não somente nosso, mas de nossa família. Tenho dois filhos um de 6 e um de 4, sei que quando eles fazem bagunça na igreja as pessoas olham para eles de maneira distinta das demais crianças. Nossas esposas? Ai delas se tiverem uma TPM, precisam ser a simpatia em pessoa. Enfrentamos a batalha diária de ser exemplo, não te perfeição mais de busca dela. Não que outros cristãos não passem por isso também, mas para nós pastores tal cobrança se dá em níveis aterrorizantes. Não achem que esse meu texto é partidário, pois não tenho nenhuma dificuldade em criticar a nossa classe, portanto as vezes também precisamos de defesa. Se for necessário, que passemos por aflições e tempestades, mas meu desejo é: pastores tenham uma boa vida. Nós já temos aflições demais. Não aceite um fardo que não é seu. Viaje com seus filhos, quem sabe até leve eles a Disney, honre sua esposa com o melhor que você puder. Se puder ter um carro novo tenha. Entretanto ter tudo isso não significa que nossas aflições iram se findar, pois elas nada têm haver com isso. Nossa inquietação espiritual vai continuar, a responsabilidade e a cobrança não sumirão como fumaça que o vento espalha.


É possível viver a vida e viver o chamado. Entretanto o grande desafio é viver a vida sem negligenciar as responsabilidades do chamado. Poderíamos dizer: viva a vida de Deus e que o chamado seja inserido nela, ou viva o chamado mas não se esqueça de viver a vida que Deus o fez achar. Para quem não é pastor: tenha uma boa vida também. Aflição faz parte, mas não pode ser a principal marca da vivencia de um chamado. Jesus viveu 33 anos, desses anos quantos foram vividos e quantos foram somente aflição? Com certeza ele viveu mais. Muito mais. Viva mais você também.


Tenho 30 anos e não me envergonho de dizer, tenho aflições. Mas a minha vida é muito boa! Como pastores trabalhamos muito, o desafio é fazer com que o tempo de trabalho se torne um bom tempo para que o tempo com a nossa família seja ainda melhor. Quando o tempo de trabalho é bom não levamos o peso deste para o tempo de nossa casa. Ai está o segredo. Uma boa vida é formada de distintos tempos, como diz em Eclesiastes, que cada tempo da sua vida seja bom, não perfeito, mas simplesmente bom. A anulação desses tempos não significa a anulação das aflições, pelo contrário, o não cumprimento desses trarão mais profundas aflições do que as aflições trazidas pela vivencia do mesmo.


Termino dizendo que prosperidade financeira não é sinônimo nem de sucesso nem de fracasso ministerial, assim como a pobreza nada tem haver com a fidelidade aos princípios do evangelho. As aflições que temos são muito mais profundas e espirituais do que simplesmente monetárias. Vale dizer também, que prosperidade financeira nada tem haver em ter uma boa vida. Riqueza não é sinônimo de satisfação. Só é possível ter uma boa vida vivendo a vida que Deus nos fez achar. Vamos viver a vida e cumprir o nosso chamado.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Avivamento de Deus ou avivamento de Lobos?


Tenho pensado muito a respeito do avivamento. Estamos experimentando ou estamos aguardando o mesmo? Seria possível estarmos vivendo um avivamento e não percebê-lo? Quando questiono a respeito disso alguns respondem: estamos vivendo, é hoje é agora. Outros: está por vir, se prepare vai ser sobrenatural. Seria o avivamento tão pequeno assim capaz de trazer dúvidas a respeito de sua existência? Ou será que as nossas expectativas acerca dele são tão distintas da realidade que quando ele veio, ou virá, impediram ou impedirá de o reconhecermos? Graças a Deus, as experiências carismáticas foram essenciais na minha vida, me lembro de quando fui batizado no Espírito Santo no alto de um monte. Como se diz: foi realmente tremendo! Sempre pensei que o avivamento significaria a reprodução de tais experiências em massa, ou seja, pessoas orando em línguas, cantando em línguas, profetizando, caindo na unção, muito choro, muita emoção, muito quebrantamento. Vale dizer, que não tenho nada contra esses tipos de manifestações, visto que experimentei muitas delas e ainda experimento algumas. Porem acho que minhas expectativas estavam erradas. Pensava que o avivamento seria sinônimo de cegos enxergar, coxos se levantar, aidéticos sendo curados, igrejas lotadas cheia de sinais e maravilhas. Não que isso não venha a acontecer ou já aconteça. Também anseio por tudo isso, entretanto, tenho percebido que esta não é ou será a maior marca do avivamento de Deus, digo de Deus pois muitos “avivamentos” humanos e mercenários são levantamos nos dias de hoje. Creio que será um avivamento do conhecimento.

Quero explicar que conhecimento é esse. De forma alguma falo de um conhecimento meramente metodológico, acadêmico ou teológico, falo de um conhecimento extremamente frutífero, um conhecimento que envolve conhecer mais as pessoas do que citações teológicas. Conhecer mais as pessoas do que até mesmo o pano histórico de cada livro da Bíblia. Conhecer mais as pessoas do que técnicas de manipulação de massas. Conhecer mais as pessoas do que as músicas gospel que estão estourando na rádio. Conhecer mais as pessoas do que os filósofos. Conhecer mais as pessoas do que as instituições. Creio em um avivamento que trás o conhecimento da graça de Deus e não somente de sua condenação. Um avivamento de libertação e não opressão. Conhecimento da Palavra de Deus, mais do que o conhecimento das formas exegéticas ou hermenêuticas. Nada substitui o momento em que o cristão abre a sua Bíblia e de maneira simples ele a lê e então através de simples Palavras ele ouve Deus, muda os seus caminhos, e enfim, experimenta a maravilhosa graça de Deus. Um avivamento de arrependimento, pois só através do conhecimento o ser humano se torna capaz de arrepender-se. Ele não somente obedece a normas e doutrinas, mas no íntimo de sua alma ele conhece o que é certo e o que é errado.

O avivamento do conhecimento é sinônimo do avivamento da revelação. É ou será um tempo em que Deus se fará cada vez mais conhecido. Não correremos atrás do que “grandes homens” dizem a respeito de Deus, mas seremos capaz de experimentar quem verdadeiramente Ele é, e pode acreditar, nesse dia nos assustaremos pois muitas coisas que dizem a respeito Dele nada tem haver com a sua essência. Clamo a Deus por esse avivamento. Não me coloco na tarefa de identificar se já houve ou haverá esse avivamento, entretanto, na minha simples opinião, acho que nem chegamos perto dele ainda. Mas brevemente estaremos perto, essa é minha expectativa. Quero sinais e maravilhas, afinal quem não quer? Porem o maior sinal que espero é o sinal do conhecimento mútuo e do conhecimento de quem verdadeiramente é o Divino.

domingo, 13 de março de 2011

O QUE AS PESSOA QUEREM OUVIR NA IGREJA?


O que o povo quer ouvir? Quantos ao prepararem as suas “magníficas preleções” se perguntam assim. Está difícil de encontrar pregadores que perguntam: o que Deus quer falar? Afinal, há coisas que Deus fala que não traz ibope. Falar de pecado? Isso assusta as ovelhas. Falar de conserto? Isso trás um clima pesado. Porque não falar de promessas, ou de multiplicação, ou de êxito, ou melhor, falar de VITÓRIA? Lógico que creio em todas essas afirmações que remetem a um triunfalismo da igreja. Afinal, também amo pregar sobre isso. Só que nem sempre Deus quer falar acerca disso. Cinco minutos atrás estava estudando e preparando o sermão deste domingo, e graças a Deus, fiz a bendita pergunta: o que Deus quer falar? Admito que tinha outras idéias de preleções, porem nada melhor do que obedecer a Deus diante de desejos contrários ao Dele.

Quantos e quantos pregadores dizem que Deus está falando, quando na verdade, quem fala é a auto-afirmação de seu próprio ego. Quem realmente fala são as suas necessidades, ou seja, se preciso de dinheiro, logo prego sobre dízimo e oferta. Se preciso que a liderança apóie uma idéia minha, logo prego sobre submissão. Se preciso justificar um pecado próprio, logo prego sobre a maravilhosa graça e misericórdia de Deus. A pregação não pode ser a reprodução de nossas necessidades individuais. Afinal, o que Deus quer falar? Creio em um Deus triunfal, um Deus que fala de vitórias, um Deus que fala de conquistas, mas também um Deus que fala de deserto e que fala de conserto.

E as profetadas? Imagino Deus vomitando quando ouve um falso profeta dizer: eis que te digo. Não quero marginalizar de maneira alguma a Palavra Profética, creio que Deus assim faz muitas vezes, porem estou enojado diante de tanto descaso com a Palavra de Deus. Pessoas que fazem filas intermináveis somente para receber uma palavra do pastor vidente. Se tornam crentes doentes, dependentes da droga chamada Falsa profecia. E se você ao orar não der alguma profecia é capaz que te denominem como um pastor “fraco”. A verdadeira profecia conserta a falsa profecia vicia.

O que verdadeiramente atrai as pessoas para Deus? O que elas querem ouvir ou o que Deus quer falar com elas? Quando as pessoas são atraídas por aquilo que elas simplesmente querem ouvir, pode acreditar, estas não são atraídas pela presença de Deus mas pela resposta que elas tanto almejam. Seria suas respostas maiores e melhores do que o Próprio Deus? As igrejas até enchem, mas de pessoas que são atraídas pelo alimento de seu próprio ego, ai está o problema. Sendo assim, não é uma igreja, mas uma comunidade positivista de auto-ajuda. Infelizmente é isso que muitas igrejas estão se tornando. Quando pregamos o que Deus quer falar, as pessoas são atraídas pelo próprio Deus, não são seduzidas pelas suas próprias respostas, mas conseguem se saciar da boa e tremenda vontade de Deus.

O que mais Deus tem falado comigo é a respeito de um verdadeiro avivamento, que é sinônimo de um verdadeiro retorno a simplicidade do evangelho. Um avivamento que levantará profetas compromissados com Deus e não com o marketing pessoal. Profetas que não tenham o $ como seu deus, mas que tenham o $ como instrumento de um objetivo maior. Avivamento que aniquilará com os “profetas de porta em porta”, ou seja, aqueles que batem nas portas de suas ovelhas com palavras mentirosas e dizendo: venham comigo que te darei reinos se prostrado me adorares. Um avivamento de alegria e êxtase espiritual, de unidade e cumplicidade. Avivamento de Palavra genuína, Palavra de vitória e de conserto. O avivamento do equilíbrio. Termino novamente me perguntando: o que Deus quer falar? Que bom que sei que Ele vai me dizer.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Porque tantos querem se tornar Bispos?


O que faz um pessoa querer ser um bispo metodista? Nesse tempo próximo ao concilio geral de nossa igreja esse questionamento permeia as minhas reflexões. Dês que me tornei um metodista, e isso já faz um bom tempo, sempre ouço: fulano quer ser bispo! Ou: fulano está sendo levantado. Porque tantos desejam essa posição? Sei que nem todos, mas com certeza muitos.

Para o início da minha análise, me lembro de certa vez que fui ao gabinete do meu bispo. Estava recém nomeado em minha igreja atual e fui conversar com ele acerca de algumas situações na igreja local. Quando entrei o bispo me recebeu com um sorriso, me chamou para se assentar e então começamos a conversar. Sabia que por aqueles dias ele iria passar por uma cirurgia e pude perceber a sua dor naquele momento. Me lembro que tinha tantas coisas para falar com ele, porém tive o entendimento que ele precisava descansar. Conversamos, oramos e nos despedimos. Fico pensando. Como pastores tratamos de ovelhas e muitas vezes reclamamos. Imagino cuidar de pastores. Meu Deus. Só a graça. Não diminuo ou marginalizo a nossa classe, mas verdadeiramente somos muito complicados. Imagine lidar com a briga de egos que muitas vezes encontramos em pastores de uma mesma cidade ou região. Imagine lidar com problemas como adultério no ministério pastoral. Imagine lidar com a pedofilia no ministério pastoral. Imagine lidar com a desonestidade no ministério pastoral. Que tarefa árdua! Nossos bispos lidam com isso constantemente.

Quantas vezes vi o bispo chegando na Escola de missões ou em outras lugares naquele carro prata e muitas vezes ele mesmo dirigindo. Imagino quantos dias ele passou longe da família. Talvez você diga: mas ele viajou pelo mundo! Eu lhe respondo: nenhuma viagem substitui o prazer de estar com sua esposa e seus filhos. Tive o prazer de viajar para os Estados Unidos junto com o ministério do discipulado por 17 dias no ano passado, nos primeiros dias tudo era festa, no quinto já estava morrendo de saudade da minha família, parecia que os EUA não tinha graça sem eles.

Falando de tarefas difíceis, imagine o quebra cabeça das nomeações pastorais. A grande pergunta é: como agradar a todos? Como julgar a necessidade do pastor e de sua família com a necessidade da igreja local? Como lidar com pastores tão distintos em suas práticas pastorais assim como em suas teologias? Fazendo um apontamento pessoal, imagine ter que usar aquela camisa clerical roxa, que a meu ver, é feia de da dó. Nós como pastores já possuímos reuniões incontáveis, imagine o bispo, reunião disso, reunião daquilo. Reuniões atrás de reuniões.

Mas afinal o que atrai essa posição? Lógico que existe a parte boa para aqueles que estão na posição por desígnio de Deus. Afinal, mesmo sendo árdua a tarefa, é uma tarefa de honra. È uma posição de dedicação, mas também de colheita. É uma posição de responsabilidade, mas também de autoridade. O problema é quando a autoridade seduz mais que a responsabilidade. Você quer ser um bispo? Então não seja autoritário, pois um bispo deve saber ouvir e reconhecer seus erros. Não seja vaidoso, pois a vaidade vai te cegar quando existir alguém melhor que você para determinadas decisões. Tenha uma família estruturada, pois como pastorear famílias pastorais se a sua família episcopal vai mal. Saiba ouvir Deus, pois vai ter tanta gente falando no teu ouvido que você vai ter que discernir muitas vozes. Não queira ser rico, pois a função episcopal não faz ninguém rico, até paga bem, mas rico você nunca será. Seja obediente, pois vale apena agradar mais a Deus do que aos homens. Esteja preparado para ser julgado, pois não tem nenhum pastor que nunca julgou uma decisão de seu bispo e nem nunca haverá.

Agradeço a Deus pela vida de nossos bispos. Lógico que se estivesse no lugar deles faria muitas coisas diferentes. Mas pouco se sabe sobre o sabor de uma comida antes de experimentá-la. Pouco sabemos e achamos muito. Da mesma forma que dizemos que só um pastor entende o que é ser um pastor, talvez isso também sirva para quem é bispo.

Termino essa reflexão atestando minha impressão. Infelizmente muitos procuram essa posição mais por vaidade do que por chamado. Não somos uma empresa formada por funcionários que almejam cargos mais altos por realizações pessoais. Somos uma igreja. Não lutamos por posições lutamos por vidas. Eu espero que minha impressão seja errônea e que eu tenha que me arrepender dela.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Questionar é do Diabo?


Os questionamentos fazem parte da existência humana. Já pensou se o ser humano não se questionasse? Com certeza não teríamos em nossas mãos as diversas criações humanas que permeiam a nossa existência. Tais como a lâmpada elétrica, ou o próprio telefone. Um dia Thomas Édson se questionou: “ Existiria algo capaz de iluminar nossos ambientes que não fosse movido a querosene ou a qualquer combustível conhecido em sua época?” Tal questionamento o levou a uma busca frenética e obcecada pela resposta. Na verdade o combustível motivador de sua grande experiência em busca de tantas e tantas invenções foi o questionamento. Quero nesse momento não somente valorizar a descoberta mas o caminho prosseguido até ela. O êxtase vivido por ele não se resume somente no dia em que a resposta foi alcançada, mas a cada passo dado em rumo a ela. Só chegamos quando nos questionamos. Certa vez tinha que ir até uma de minhas congregações, estava acostumado a ir sempre pelo mesmo caminho. Então pensei. Existiria um caminho melhor? E subitamente decidi experimentar um novo caminho. Foi certeiro. Estava fazendo constantemente o pior caminho. Se não me questionasse estaria por muito tempo perdendo tempo no caminho costumeiro. Questionar é bom. Só não questionamos quando temos medo das respostas que encontraremos.

Por muitas vezes vivemos a nossa espiritualidade de maneira que os questionamentos não são respondidos, mas anulados. Fingimos que tudo sabemos, e a resposta mais simples é: Deus sabe de todas as coisas. A espiritualidade equilibrada é aquela a qual somos capazes de questionar e ao mesmo tempo crer. Questionar não é sinônimo de descrença, pelo contrário, se questiono é porque creio que existe uma resposta melhor.

A falta de questionamentos na verdade expressa uma arrogância profunda e terrível, e esta é muitas vezes camuflada por um discurso espiritual e cheio de palavras que remetem a uma falsa humildade. Ou seja, muitos são forçados a crer que não questionar é confiar. Confiar em que? Nelas mesmas? Só um ser tem o direito de não se questionar pois ele é o dono das questões, as respostas são a sua própria essência.

Volto a dizer : eu creio. Porem muitas vezes não entendo. E não é essa minha ignorância que me fará desistir ou simplesmente fará dela o argumento de minha preguiça intelectual e espiritual.

Questionar não é se rebelar. Questionar é acreditar que é possível existir melhores respostas. Vale dizer que o sábio sabe que muitos já possuem respostas que o mesmo ainda não possui. Mas também sabe que nem todas as respostas virão de outros sábios. Ele mesmo terá que cavar e achar a água que tanto saciará a sua sede. É possível questionar e crer.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pastores ou Lobos?


Houve um tempo em que os maiores inimigos da igreja eram os que estavam fora dela. A igreja era perseguida por religiosos, soldados e até por reis. Hoje as coisas estão diferentes. Não há mais soldados diante de nossas portas, ou decretos imperialistas que proíbam a nossa fé. Não há mais coliseu ou fornalha, não há mais crucificação, enforcamento ou queima literal de arquivo. As perseguições são outras, porem os requintes de crueldade são os mesmos. Os piores inimigos de nossas igrejas não são os "macumbeiros", feiticeiros, espíritas, católicos, anarquistas, liberais ou satanistas, mas são os próprios "pastores", ou aqueles que se intitulam pastores, pois na verdade não o são. Cada dia que passa se torna mais difícil ser pastor. Me lembro que quando fui financiar o meu primeiro carro há uns 8 anos atrás, o vendedor me perguntou qual era minha profissão e então lhe disse: pastor. Ele fez uma cara feia e disse que as financeiras não estavam efetivando financiamento para pastores, somente para pastores da Universal. Fiquei assustado. Mas eles estão cobertos de razão. Estamos em tempos difíceis. Eu como pastor creio nos dons do Espírito, como profecias, dons de língua, etc... Entretanto, tenho visto tantas coisas bizarras que tenho clamado a Deus: socorra esse povo! Certa vez, no meu primeiro ano de ministério, levamos um pastor de outra denominação para pregar em nossa igreja. Ele pregou, cantou, orou e no final começou a "profetizar". Então olhou profundamente nos olhos de uma de minhas ovelhas e disse: "eis que Deus te fala, em 7 meses teu marido irá se converter". Então aquela mulher atônita lhe disse em alto e bom tom: "pastor mais meu marido já morreu há 3 anos". Triste muito triste.

Hoje pastoreio uma comunidade na cidade de Iguaba Grande, Rio de Janeiro. Dês de quando cheguei vários alertas me foram dados: "olha cuidado com tal pastor", "cuidado com aquele ali, ele saiu da nossa igreja"etc... e muitos etc... Havia um clima de guerra entre os pastores desta cidade. O tempo se passou, e hoje vejo que os que mais me "alertavam" eram os mais lobos. Tenho apenas 30 anos de idade, como é terrível você ser perseguido por alguem que deveria te abençoar. Estou cansado de tantas profetadas. Creio que Deus fala, mas a verdade é que o diabo tambem está falando. Quando converso com alguns pastores mais experientes eles me dizem que sou inocente, e eu lhes respondo, o dia que eu perder essa inocência eu deixo de ser pastor.

Um tempo atrás vi um pastor que descobria as informações dos membros atraves do orkut para então usar tais informações em suas profetadas. Acreditem irmãos é o final dos tempos. É tempo de voltarmos a um evangelho simples, um evangelho puro, um evangelho de relacionamentos, um evangelho de amor. Só assim venceremos os mercenários da fé. Não estamos em uma disputa pelo mercado religioso, estamos em uma missão evangélica, entenda essa missão evangélica como a missão das boas novas, a missão do Reino não a missão de mini impérios pessoais. Para os que são pastores, vigiem. Para os que não são, orem pelos seus pastores pois grande é a peleja daqueles que não negociam o seu chamado.

Pr. Bruno Leonardo
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