sexta-feira, 11 de março de 2011

Porque tantos querem se tornar Bispos?


O que faz um pessoa querer ser um bispo metodista? Nesse tempo próximo ao concilio geral de nossa igreja esse questionamento permeia as minhas reflexões. Dês que me tornei um metodista, e isso já faz um bom tempo, sempre ouço: fulano quer ser bispo! Ou: fulano está sendo levantado. Porque tantos desejam essa posição? Sei que nem todos, mas com certeza muitos.

Para o início da minha análise, me lembro de certa vez que fui ao gabinete do meu bispo. Estava recém nomeado em minha igreja atual e fui conversar com ele acerca de algumas situações na igreja local. Quando entrei o bispo me recebeu com um sorriso, me chamou para se assentar e então começamos a conversar. Sabia que por aqueles dias ele iria passar por uma cirurgia e pude perceber a sua dor naquele momento. Me lembro que tinha tantas coisas para falar com ele, porém tive o entendimento que ele precisava descansar. Conversamos, oramos e nos despedimos. Fico pensando. Como pastores tratamos de ovelhas e muitas vezes reclamamos. Imagino cuidar de pastores. Meu Deus. Só a graça. Não diminuo ou marginalizo a nossa classe, mas verdadeiramente somos muito complicados. Imagine lidar com a briga de egos que muitas vezes encontramos em pastores de uma mesma cidade ou região. Imagine lidar com problemas como adultério no ministério pastoral. Imagine lidar com a pedofilia no ministério pastoral. Imagine lidar com a desonestidade no ministério pastoral. Que tarefa árdua! Nossos bispos lidam com isso constantemente.

Quantas vezes vi o bispo chegando na Escola de missões ou em outras lugares naquele carro prata e muitas vezes ele mesmo dirigindo. Imagino quantos dias ele passou longe da família. Talvez você diga: mas ele viajou pelo mundo! Eu lhe respondo: nenhuma viagem substitui o prazer de estar com sua esposa e seus filhos. Tive o prazer de viajar para os Estados Unidos junto com o ministério do discipulado por 17 dias no ano passado, nos primeiros dias tudo era festa, no quinto já estava morrendo de saudade da minha família, parecia que os EUA não tinha graça sem eles.

Falando de tarefas difíceis, imagine o quebra cabeça das nomeações pastorais. A grande pergunta é: como agradar a todos? Como julgar a necessidade do pastor e de sua família com a necessidade da igreja local? Como lidar com pastores tão distintos em suas práticas pastorais assim como em suas teologias? Fazendo um apontamento pessoal, imagine ter que usar aquela camisa clerical roxa, que a meu ver, é feia de da dó. Nós como pastores já possuímos reuniões incontáveis, imagine o bispo, reunião disso, reunião daquilo. Reuniões atrás de reuniões.

Mas afinal o que atrai essa posição? Lógico que existe a parte boa para aqueles que estão na posição por desígnio de Deus. Afinal, mesmo sendo árdua a tarefa, é uma tarefa de honra. È uma posição de dedicação, mas também de colheita. É uma posição de responsabilidade, mas também de autoridade. O problema é quando a autoridade seduz mais que a responsabilidade. Você quer ser um bispo? Então não seja autoritário, pois um bispo deve saber ouvir e reconhecer seus erros. Não seja vaidoso, pois a vaidade vai te cegar quando existir alguém melhor que você para determinadas decisões. Tenha uma família estruturada, pois como pastorear famílias pastorais se a sua família episcopal vai mal. Saiba ouvir Deus, pois vai ter tanta gente falando no teu ouvido que você vai ter que discernir muitas vozes. Não queira ser rico, pois a função episcopal não faz ninguém rico, até paga bem, mas rico você nunca será. Seja obediente, pois vale apena agradar mais a Deus do que aos homens. Esteja preparado para ser julgado, pois não tem nenhum pastor que nunca julgou uma decisão de seu bispo e nem nunca haverá.

Agradeço a Deus pela vida de nossos bispos. Lógico que se estivesse no lugar deles faria muitas coisas diferentes. Mas pouco se sabe sobre o sabor de uma comida antes de experimentá-la. Pouco sabemos e achamos muito. Da mesma forma que dizemos que só um pastor entende o que é ser um pastor, talvez isso também sirva para quem é bispo.

Termino essa reflexão atestando minha impressão. Infelizmente muitos procuram essa posição mais por vaidade do que por chamado. Não somos uma empresa formada por funcionários que almejam cargos mais altos por realizações pessoais. Somos uma igreja. Não lutamos por posições lutamos por vidas. Eu espero que minha impressão seja errônea e que eu tenha que me arrepender dela.

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