sábado, 14 de maio de 2011

Construindo Mini Impérios religiosos.


A minha geração cresceu assistindo as tão famosas novelas globais. Mesmo que não assistíssemos a mídia nos bombardeava com as notícias acerca de tais novelas, quem matou quem, quem deixou quem e por ai vai. Vale dizer, que hoje ocorre a mesma coisa. As novelas sempre retratam a figura do pobre que se torna rico e se vinga dos seus opositores. Lembro-me de uma novela que retratava a vida de uma catadora de sucata que formou para si um grande império, se tornando a rainha da sucata. Crescemos com esse princípio em nossa consciência: vitorioso é aquele que faz para si um império pessoal. Percebemos em nosso mundo religioso o mesmo paradigma. Reinos estão sendo levantados. Reinos apostólicos, reinos patriarcais, reinos episcopais, reinos e mais reinos que são meramente representações do desejo de homens que lutam por essa tão almejada posição, a posição do rei. Quem nunca ouviu o testemunho de alguém que era um simples trabalhador, mas agora é um pastor que governa toda uma igreja? Era um matuto da terra, mas hoje usufrui horas e mais horas na televisão brasileira e até mundial? Nada tenho contra isso. O que questiono é o que impulsiona as pessoas a assumirem determinadas posições.

Diante destas constatações, podemos entender o “êxodo” de pastores das denominações históricas. Não posso generalizar, mas posso afirmar que muitas saídas são motivadas pelo desejo do próprio império. O desejo de poder dizer que é dono de algo e que ele é a autoridade máxima em sua tão sonhada estrutura. O desejo de “administrar” as finanças sem ter que prestar contas a ninguém. O desejo de simplesmente desejar e efetuar. Assim, a igreja se divide cada vez mais. Mini impérios e mais mini impérios que se juntarem todos não dá um. O mito da rainha da sucata. Estamos cheios de falsos profetas que “profetizam” mas não se importam com a profecia. Não se importam com o Reino de Deus, vivem uma trajetória mágica, personalista e diabólica. E quando confrontados sempre mistificam e espiritualizam as suas respostas, trazendo assim uma falsa impunidade a sua consciência tão carnal. Não que todos sejam assim, mas a maioria creio que sim.

Autoridade, palavra que seduz. Antes era um empacotador em um supermercado, hoje as pessoas param para ouvi-lo na tão almejada oportunidade. Antes um ignorado, hoje homem cheio da autoridade de Deus. Essa mudança pode ser perigosa. A posição de autoridade sem maturidade pode matar e destruir aqueles que a delegam como o mesmo que a alcança. O desejo de ser o primeiro, o desejo de não prestar contas a ninguém, ser dono do seu próprio nariz é algo diabólico. E assim caminha a igreja, se dividindo para alimentar a fome de alguns, enquanto uma geração morre com fome do evangelho, com fome de justiça, com fome de pão, com fome do Espírito, mas a única fome saciada é a fome dos “pastores profetas” que comem a carne e se vestem com a lã das ovelhas de Deus.

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