Lembro-me de quando era criança. Quanto brincava com meus amigos e o único intuito era a diversão. Não precisávamos de muitos apetrechos, a
imaginação garantia a brincadeira.
Brincávamos de super-heróis, as vezes de polícia e ladrão e até de caça
fantasmas, esta última inspirada em um filme americano de sucesso naquela época. O tempo passou e não brinco mais de tais
brincadeiras, afinal, hoje minha imaginação já não é tão fértil, conheço melhor
a realidade, não tanto, entretanto o suficiente para discernir que o mundo não
é simplesmente dividido entre mocinhos e bandidos, ou entre fantasmas e
caçadores justiceiros. Isso faz parte do
processo de maturidade o qual todo ser humano deve passar, se não passar, será
taxado como louco, esquizofrênico, utópico ou poderá ganhar tantos outros
adjetivos. A maturidade não é uma
escolha ela é uma imposição, ou pelo menos é necessário fingir que a possuímos.
Quando
vejo o mundo evangélico atual, me deparo com um mundo que muitas vezes me
lembra o mundo que criávamos para brincar.
Um mundo onde eu sou o mocinho e os demais são os bandidos. Um mundo de
caça fantasmas, um mundo de aventuras espirituais, um mundo de batalhas
espirituais que mais parecem batalhas no mundo de Oz. Um mundo onde a coisa vale mais que a pessoa,
onde o ser aprisionado é meu troféu e meus requintes de crueldade demonstram minha
autoridade. No filme “caça fantasma” os
caçadores possuíam uma máquina que sugava os fantasmas para dentro dela e depois
eram colocados em uma máquina maior ainda, e assim não eram eliminados, mas
guardados no porão do quartel general.
Muitos líderes evangélicos gostariam dessa invenção em seus mundos de
faz de conta. Aprisionam os demônios, e
ainda os colocam no porão da sua casa simplesmente pelo prazer do domínio,
simplesmente para demonstrar sua autoridade.
Enquanto isso, as bruxas são perseguidas, entretanto se esquecem que até
as bruxas possuem o direito da justificação pelo sangue de Jesus. É melhor vê-las soltas e libertas do que
aprisionadas como troféus na estante de algum louco gadita ou não gadita,
ecumênico ou não ecumênico, pentecostal ou não pentecostal, tradicional ou não
tradicional, afinal encontramos loucos caçadores de fantasmas em todos os
lugares.
Como
é triste perceber que a síndrome de Lúcifer tem se proliferado em nosso meio,
infelizmente a única vacina é a integridade.
Caráter. A vaidade, o desejo
pelas posições, manipulações políticas e tantos outros sentimentos fazem de
nós, isso mesmo, de nós, pois somos vistos como farinha do mesmo saco, um povo
com pouca credibilidade aos olhos dos que precisam acreditar naquele que
acreditou em nós. Não dá para fechar os
olhos e fingir que isso não acontece do teu lado, nem se você tentar criar um
mundo de faz de contas, uma hora ou outra o Espírito Santo te trará de volta a
realidade, não para que você se desmotive ou desista, mas para que lute contra
o país das maravilhas evangélico e passe a lutar por pessoas reais por
princípios divinos por aquele que REALMENTE deu a vida por você e não veio para
esse mundo caçar fantasmas, mas sim pescar pessoas.